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Death, a lenda permanece viva

Posted by Redação Mondo Metal On May - 8 - 2013

 

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Tilburg, Holanda, 3 de Maio de 2013. Segunda parte da turnê em homenagem ao o grande compositor, guitarrista e vocalista Charles Michael Schuldiner, popularmente conhecido como Chuck da banda americana Death, e responsável por sete petardos que lhe rendeu o título de pai do Death Metal – o qual sempre, e humildemente, negou “não acho que deva ter crédito nessa coisa de Death Metal. Sou apenas um cara de uma banda, e acho que Death é uma banda de Metal”.

 

Em 2012, o empresário e amigo íntimo de Chuck, Eric Greif teve a brilhante idéia de reunir a maior parte possível dos lendários músicos que participaram nos albuns da banda em uma turnê em homenagem à Chuck e seu indiscutível legado. O intuito era também arrecadar fundos para o “Sweet Relief”, uma associação em prol de músicos que enfrentam dificuldades de saúde e financeira. Foram cinco shows e uma legião de fãs do mundo inteiro implorando para que tocassem mais.

 

2013 veio, e com ele mais uma turnê. Death to All 1 e 2. DTA1 passou por grandes cidades dos Estados Unidos e finalizou-se com um show no Canadá e um no México. A lineup do poderoso Human – Sean Reinert (bateria), Paul Masvidal (guitarra) e Steve DiGiorgio (baixo) – juntou-se para tocar clássicos dos primeiros quatro lançamentos de Chuck: Scream Bloody Gore, Leprosy, Spiritual Healing e Human. Nos vocais, a grande honra foi concedida ao guitarrista e vocalista Max Phelps, que já foi visto em palcos com o Cynic, banda dos prodígios Paul Masvidal e Sean Reinert.

 

Para o DTA2, apenas um show. A décima edição do famoso Neurotic Deathfest, festival de Death Metal que acontece na pacata e organizada cidade de Tilburg, na Holanda viu em sua lineup, Gene Hoglan nas baquetas (Symbolic e Individual Thought Pattern) Bobby Koelble na guitarra (Symbolic), Scott Clendenin no baixo (Sound of Perseverance) e Shannon Hamn na guitarra (Sound of Perseverance). Nos vocais, e também compartilhando suas habilidades na guitarra, o guitarrista e vocalista Matt Harvey da banda Exhumed. Mondo Metal foi conferir o tributo e celebrar o legado de Chuck.

 

Matt Harvey e Bobby Koelble nas guitarras começaram com a devastadora Leprosy em frente a um público que observava quase que estático, como se não estivessem acreditando no que estava acontecendo. Nos primeiros segundos já se notava a pegada forte do Gene que golpeava a bateria de forma precisa e empolgante. Bobby Koelble deu lugar a Shannon Hamn e seguiram em frente com a Zombie Ritual, um clássico que só não faz a cabeça cair por estar pregada ao pescoço. Uma verdadeira monstruosidade em vida. De volta ao palco, Bobby Koelble é apresentado ao público e juntos procedem para a era Spiritual Healing com a “Living Monstrosity”. A essa altura, o vocalista Matt Harvey já havia provado que não só daria conta dos vocais, mas também faria sua guitarra berrar com solos bem executados que fariam o Chuck levantar de sua sepultura.

 

Shannon Hamn volta ao palco e, seguindo de forma cronológica, o carismático Matt Harvey deixa sua guitarra de lado e introduz a era Human. Flattening of emotions! Gene Hoglan honra a virtuosidade e agressividade de Sean Reinert de forma impecável. O mesmo acontece com Shannon e Bobby, que não deixaram a peteca cair ao executar os solos de Chuck e Paul. Scott não ficou de lado e representou o Steve DiGiorgo com perfeição. O mais interessante, entretanto, foi vê-lo chacoalhar os dedos das mãos logo ao fim da última nota como quem estivesse sofrendo espasmos nervosos a ponto de pedir por uma “máquina do suicídio”. E assim foi feito. Seu olhar piedoso foi respondido com a impiedosa “Suicide Machine”, que entrou rasgando os tímpanos sem dó nem piedade. E dó era o que sentia ao ver seus dedos correrem velozmente pra baixo e pra cima de seu baixo. Ao fim da música, um soco de vitória no ar e mais chacoalhadas de dedos.

 

Uma pequena pausa para relembrar que a noite era dedicada à memoria daquele que criou riffs que influenciaram centenas de bandas. Ou melhor, daqueles. Um saludo ao grande Jeff Hannemann. O público respondeu aos gritos “Slayer! Slayer”! levando o Gene a tocar a intro da Angel of Death. E mesmo com a euforia desvairada dos fãs, acabaram não tocando-a na íntegra. Pedimos, mas não deu. Falta de compreensão? Talvez… Lack of comprehension era a próxima, e com uma energia infindável, o monstro do Gene Hoglan “sentava a botina” nos bumbos de forma que faziam tremer o peito, fechando a era Human e abrindo portas para se sentir em casa com sua imaginação excessivamente ativa no “Individual Thought Pattern”.

 

“Overactive Imagination”, com toda sua agressividade, técnica e solos melódicos fez jus à reputação imbatível de Chuck. Foi o momento em que olhávamos para o palco e víamos o “filósofo” Schuldiner quase que em carne e osso. Cheguei a perguntar a um metal ao meu lado: “Você sente o que sinto? Vê o que vejo? Escuta o que escuto?” “The Philosopher” baixou em corpo, alma e também riffs, sendo o petardo executado em seguida.

 

Matt Harvey reassume a guitarra dando um tempo pro Bobby que, mesmo “preso num canto” ao fundo direito do palco, não conteve sua empolgação e acompanhou nota por nota a “Trapped in a Corner” com sua guitarra desligada. E o mostro do Gene continuava cheio de energia. Fim da era “Individual” e Shannon da lugar à Bobby para abrir a era “Symbolic”. “Zero Tolerance”, “Crystal Mountain” e “Symbolic” foram uma sessão bate-cabeça incessante. “Bite the Pain” e “The Flesh and the Power it Holds” representaram o “som perseverante” e imortal de Chuck e seus recentes discípulos. E para fechar a noite, nada melhor que o verdadeiro clássico do Death, com direito a três guitarras e um coro que estava na garganta esperando para sair: “Pull the Plug”!

 

15 músicas ao todo. E para quem achou bom, o melhor está por vir. De acordo com Gene Hoglan e Eric Grief “vamos fazer de tudo para 2014 ser o ano do Death to All. 2013 foi só pra esquentar”. Deixaram o palco com a promessa de voltarem no ano seguinte com força total. O máximo de ex-membros do Death possível juntos em uma turnê mundial. Preparem-se que que o Brasil não deve, não pode e não vai ficar fora dessa. E nem a gente!

 

Let the Metal Flow!

 

Ouça a faixa Living Monstrosity, do álbum Spiritual Healing.

 

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One Response to “Death, a lenda permanece viva”

  1. rodrigo says:

    espetacular! do caralho! grande resenha

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