Menos de um mês separa a banda mineira Hell´s Punch do lançamento do debut Burn it Down! Formado por músicos experientes com passagem por bandas como Overdose, Drowned, Sextrash, Pleiades, o quarteto coloca seu novo álbum simultaneamente nas prateleiras do Brasil e dos Estados Unidos. O Mondo Metal conversou com o vocalista Sérgio Ferreira que fez um raio x completo da banda e do novo álbum. Confira!
Mondo Metal – Do Overdose ao Hell´s Punch. Como fazer a transição de uma das maiores referências da história do Heavy Metal brasileiro no exterior para o novo projeto? Você ainda é cobrado por uma volta do Overdose?
Sérgio Ferreira – Cara, na verdade acho não teve uma transição ou foi algo muito lento porque o Overdose, digamos assim, paralisou suas atividades profissionais em 1996, ou seja há 20 anos atrás. De lá para cá, nunca parei de tocar mas não eram projetos profissionais como o Over. O Overdose me influencia muito, aprendi muito com todos eles em todos os sentidos. Sempre fui o fã numero 1 da banda, não acreditei quando o Claudio me ligou e quando ele me convidou para entrar para a banda eu perguntei: “Você sabe com quem está falando?” Ele disse: “Claro porra!! Fui no seu ensaio semana passada!!” (Risos). Eu tinha tudo do Overdose, ia em todos os shows…. até o Conscience, que é um disco que embora tenha vendido muito foi um disco mal recepcionado pelos fãs, eu amava!! Entrar para a banda foi um sonho mesmo…. sem exagero algum!! Somos todos cobrados por uma volta definitiva do Overdose, recebemos muita pressão dos fãs pelo mundo todo principalmente via FB. Eu sempre digo que o Overdose é uma instituição e por isso não teve fim. Uma bela mas também difícil história! Já fizemos alguns shows nesse período e é sempre foda, leva um ensaio para retomar a forma antiga, incrível o nível de entrosamento!! Quem sabe né…….
Mondo Metal – Como surgiu o Hell´s Punch? Conte um pouco da história da banda.
Sérgio Ferreira – Nós 4 somos de BH. Há uns 2 anos eu e meu irmão montamos o Hell’s mas era para tocar “for fun”, covers, basicamente. Aí nos convidaram para fazer um festival Cover do Big Four (sendo o Hell’s, o Slayer) e encaramos. Nasceu dai uma vontade e cobrança interna de compor. Nestes últimos 20 anos fui comprando muito equipamento, para guita e estúdio também e resolvi ver como era isso….fomos compondo e gravando por quase 2 anos…..processo de aprendizado técnico de gravação (“Learn by doing”) foi bem difícil mas também divertido….. fui estudando sobre gravação, mixagem e masterização e gravamos o CD. Sempre tive em mente que queria lançar esse CD pela Cogumelo, então entrei em contato com o João Eduardo e ele gostou do projeto também e estamos juntos novamente depois de 20 anos sem trabalharmos juntos, desde os tempos do Overdose. O resultado final me surpreendeu em termos de qualidade e por ter sido feito “na gana”! Passamos por algumas formações, meu irmão saiu da banda também e pouco antes do processo de gravação essa formação foi fechada e aqui estamos.
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Mondo Metal – Overdose, Sextrash, Drowned, Hammurabi, Pleiades… As experiências são muitas. O que isso trouxe de bom para a banda e como é o convívio de músicos com tanta experiência?
Sérgio Ferreira – Diria que maturidade musical e o entrosamento são mais fáceis. Mas acho que banda tem um lance de energia que é foda. Se tem, é massa e se não rola aí nem insista, não vai funcionar. Quantas vezes vemos bandas legais que se separaram e os projetos posteriores não funcionam tão bem… Temos muita convergência musical, uma energia muito legal entre nós, gostos musicais diversos, mas convergentes no lance do Hell’s, saca? Relacionamento nosso é bom demais, espero que os demais membros não me desmintam (risos) mas realmente é, é bem leve, de boa mesmo, tocamos porque amamos e o que amamos então… Não temos pressão de sucesso, de vender e nem nada disso, então a parada é natural e honesta. A vasta experiência de todos nós só agrega nos ensaios, composições, arranjos e ideais gerais da banda e em nada atrapalha no sentido de criar obstáculos fortes devido à grande bagagem.
Mondo Metal – O que o público pode esperar deste álbum de estreia?
Sérgio Ferreira – Cara, é um álbum pesado, rápido, sujo e mistura muita coisa do Thrash/Death dos anos 90 com algo novo do que achamos foda. É sujo o disco, não nos preocupamos com “detalhezinhos”. Queríamos um lance que soasse como garagem, natural e assim ficou. Tem até os defeitos da garagem, uma sujeira aqui e ali, que não limpamos. Não gosto de rótulo como limitador mas em termos de ideia geral nosso som passa pelo Thrash (tradicional e pitadas do novo), um pouco de Death com letras de conteúdo totalmente HxCx. Eu gosto muito de HxCx, talvez seja meu som mesmo… Gravamos também um cover do Overdose do primeiro disco (Século XX – “Filhos do Mundo”) e também um outro cover do Atack Epiléptico – “Ato Facultativo”, banda que é uma lenda do HC extremo daqui de BH que tem décadas de história. Ambas as músicas em português, legal isso! Então é isso: rápido, berrado, pesado e sujo. A arte do disco foi feita pelo Fernando da banda Drowned e fiquei muito impressionado. Nossa interação foi rápida e fácil. Ideias fluiram fácil. O tema da arte do CD é o retrato de um cenário caótico em chamas (o cenário é BH) como uma referência a um estado de caos, descontrole e atitudes nefastas da humanidade de hoje que por vezes acho que só começando tudo de novo, queimando tudo para esperar germinar novamente depois. Incrível o que a raça humana tem conseguido fazer de ruim, especialmente nestes últimos anos. Essa era a ideia. Compus uma música bem louca, rápida e com muitos efeitos (Customized Fetus) e nela o Vladimir Korg (ex-Chakal, ex-The Mist e hoje fazendo o projeto do Unabomber Files) divide os vocais comigo. Uma grande honra para nós! Sempre achei a voz dele única e ele é um cara muito gente fina, humilde e inteligente. Como essa música é uma adaptação de uma letra em português deixada por um grande amigo em comum, o Nado – batera do Atack Epiléptico – que infelizmente o perdemos há pouco mais de um ano, resolvemos dividir essa letra em homenagem a ele. Gravar o Vladimir foi algo muito especial. Ele foi ver o último show do Atack com o Nado, abrindo para o Tervet Kadet, show esse que tive a honra de fazer as guitas e depois do ocorrido ele veio falar comigo e disse, quero gravar com você. Achei a atitude dele muito legal e bonita, vinda de um cara que tem tanto respeito do metal nacional! Então dividimos a letra do nosso irmãozinho que se foi. O CD é dedicado ao NADO também. RIP Brother!
Mondo Metal – A banda já começa “metendo o pé na porta” e Burn It Down sai simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos. Quais são os planos de divulgação e turnê?
Sérgio Ferreira – Cara, o CD sai agora em julho e será distribuído também nos USA. Temos alguns amigos lá também da época do Overdose que também vão nos dar um força. Estamos agora ensaiando as músicas e montando o show pois o CD foi sendo gravado à medida que compúnhamos, e não naquele processo tradicional de ir compondo, ensaiando e só depois sair para gravar. Então é estranho pois gravamos um CD com muito pouco ensaio. A experiência da moçada definitivamente ajudou nisso pois foi fácil pegar as músicas, arranjar, gravar e fazer um bom trabalho. Estamos começando a tocar para aquecer aqui por BH mesmo, mas quando o CD sair queremos rodar pelo país. Convites são bem-vindos, moçada!!! Fora do país é outro papo, quem sabe? Mas não gostamos de planejar muito não, a coisa sai naturalmente sem forçar nada. Tudo orgânico, como o próprio CD. Espero que a moçada aprecie, fizemos com coração e honestidade. A galera pode entrar em contato com a gente, seja para bater um papo ou para shows e etc, pelo nosso Facebook: Perfil: HellsPunch Thrash (Hell’s Punch) ou pela página do Hell’s também no FB: @hellspunch.
A banda faz show em Belo Horizonte no próximo domingo, 26, no Stonehenge, à partir das 14 horas. Para você, que como nós do Mondo Metal, sempre pediu por mais um show do Overdose, a boa notícia será a participação de antigos integrantes da banda no show. Também se apresentam no mesmo dia as bandas Witchhammer, Bulldogs, Komando Kaos, entre outras. Os ingressos custam R$ 20,00.
Ouça a faixa Hate, retirada do álbum Burn it Down!