MONDO METAL

Redação Mondo Metal

Toda escolha gera polêmica. Sempre foi assim e sempre será. A escolha de melhores do ano do Mondo Metal não é diferente. Desde que foram anunciadas as cinco bandas indicadas pela audiência, muitas pessoas manifestaram sua insatisfação alegando que esta ou aquela banda não deveria constar na listagem por motivos mais diversos. A lista com os premiados que será apresentada a seguir não pretende ser definitiva, absolutamente. As escolhas feitas pela audiência refletem muitas vezes a popularidade de cada banda e aceitar o fato de uma  ser mais popular que a outra ou ter em determinado momento mais fãs dispostos a dar seu voto nelas é o primeiro passo para o que chamamos de “democracia”. E foi acreditando que a democracia é a chave de qualquer processo que deixamos por três semanas a votação aberta esperando a manifestação dos nossos ouvintes e leitores. Interferimos o mínimo possível, retirando apenas uma ou outra banda que não se encaixavam no proposto: eleger os melhores do heavy metal mineiro em 2012. Já os votos da crítica tendem a ser menos emocionais e mais racionais, pois são dados por pessoas que, além de fãs, trabalham no dia-a-dia com a música. O “time” montado foi bastante representativo para que a votação fosse a mais heterogênea possível. Representantes da mídia especializada mineira, produtores locais, além da equipe do Mondo Metal fizeram parte desta votação, que não é mais certa ou errada que a votação da audiência, é feita apenas sob um ponto de vista diferente. Todos os votos da crítica serão abertos e poderão ser conferidos abaixo, após o resultado. E vamos a eles então, começando pela escolha da audiência.

Duas bandas praticamente monopolizaram a escolha da audiência, traduzindo em votos o bom momento que passam: Desperata e Nostoi. A primeira deixou de ser uma promessa e se tornou uma realidade. Ao contrário do ano passado em que ficou em terceiro lugar na escolha de banda do ano desta vez o quinteto não só foi eleito banda do ano, como também venceu em outras três categorias. O Nostoi venceu em duas categorias, entre elas o disco do ano com o recém-lançado Railroads. Com apenas uma premiação, mas não menos importante, o Allos consagrou seu vocalista Celso Alves, eleito o melhor do ano. Na única categoria que admitia votos em bandas de fora, o Cavalera Conspiracy ficou com o show do ano. Agora conheça cada um dos eleitos pela audiência do Mondo Metal:

Melhores do ano (escolha da audiência)

Melhor guitarrista – Pedro Santos (Nostoi)

Melhor baixista – Thiago Oliveira (Desperata)

Melhor baterista – Christian Feital (Desperata)

Melhor vocalista – Celso Alves (Allos)

Show do ano – Cavalera Conspiracy

Banda revelação – Desperata

Álbum do ano – Railroads (Nostoi)

Banda do ano – Desperata

O voto da audiência foi dado por um grupo representativo formado por integrantes do Mondo Metal, O Curupira Web Zine, Rádio WebRoots, Metal Clube, Romaniello Comunicação e MS BHZ Comunicação, nas mesmas categorias votadas pela audiência. O resultado foi mais amplo e várias bandas foram eleitas. Pleiades, Seawalker, Eminence e Tray of Gift, elegeram seus componentes nas categorias de instrumentistas e vocalista. Cada uma delas se destacou de alguma maneira este ano e mereceram os votos do juri. Já eleito pelo público, o Cavalera Conspiracy também ganhou os votos da crítica dividindo com Black Label Society e Suicidal Tendencies o posto de melhor show do ano e mostrando que Minas Gerais recebeu grandes shows internacionais em 2012. Também divididos ficaram os votos da banda revelação do ano. Bonecrusher e Cyhad foram as eleitas. O metal mineiro segue se renovando! O álbum do ano foi Trace of Trade, do Krow, banda que teve um grande ano, rodou a Europa e mostrou aos gringos um pouco mais do heavy metal mineiro. Para fechar, o voto da crítica elegeu como banda do ano um quarteto que se apresentou à exaustão na cidade, lançou dois grandes singles, Locomotive e Still Here, batalhou muito, correu atrás e deu a cara “à tapa”. Com méritos e muita justiça (e mostrando que esse é o verdadeiro espírito do underground, de correr atrás e não esperar as coisas “caírem” do céu…) a banda do ano é o Hellcome! Assim ficou a eleição dos melhores de 2012 pelo voto da crítica:

Melhores do ano (escolha da crítica)

Melhor guitarrista – Rodrigo Berné (Tray of Gift)

Melhor baixista – Filipe Duarte (Seawalker)

Melhor baterista – André Márcio (Eminence)

Melhor vocalista – Cynthia Mara (Pleiades)

Show do ano – Cavalera Conspiracy, Suicidal Tendencies e Black Label Society

Banda revelação – Bonecrusher e Cyhad

Álbum do ano – Traces of Trade (Krow)

Banda do ano – Hellcome

Agora você vai poder conferir, um a um, como votou a crítica do Mondo Metal. Antes, queremos deixar de público nossos agradecimentos a todos que fizeram parte deste time, que aceitaram nosso convite para participar da votação e, com seus votos, contribuíram para a eleição dos melhores do heavy metal mineiro de 2012. Agradecemos ao Pedro Jaued, da Rádio Web Roots; Reynaldo Trombini, do Metal Clube; Márcio Siqueira, da MS BHz Comunicação, Luiz Romaniello, da Romaniello Comunicação, além de todos que fazem parte da equipe do Mondo Metal. Vamos aos votos de cada um:

Os votos da crítica

* Em ordem alfabética

Christiano Gomes (Mondo Metal)
Melhor guitarrista – Diego Oliveira – Sacrificed
Melhor baixista – Filipe Duarte – Seawalker
Melhor baterista – Zé Baleia – Eminence
Melhor vocalista – Egon Dias – Expurgo
Banda revelação – Bonecrusher
Álbum do ano – Krow – Traces of the Trade
Show do ano – Cavalera Conspiracy
Banda do ano – Hellcome

Gabriel Fonseca Rafael (Mondo Metal – colaborador)
Melhor guitarrista – Rafael Torres, Tormento
Melhor baixista – Rafael Reis, Colt 45
Melhor baterista – Eloy Casagrande, Sepultura
Melhor vocalista – Henrique Ferrari, Cyhad
Banda revelação – Cyhad
Álbum do ano – sem voto
Show do ano – Suicidal Tendencies
Banda do ano – Colt 45

João Renato Faria (Mondo Metal)
Melhor guitarrista – Rodrigo Berné – Tray of Gift
Melhor baixista – Rafael Porto – Drowned
Melhor baterista – Zé Baleia – Eminence
Melhor vocalista – Cynthia Mara – Pleiades
Banda revelação – Civilian
Álbum do ano – Krow – Traces of the Trade
Show do ano – Cavalera Conspiracy
Banda do ano – Hellcome

Lucas Buzatti – Mondo Metal
Melhor guitarrista – Rodrigo Berne (Tray of Gift)
Melhor baixista – Filipe Duarte – Seawalker
Melhor baterista – Bydhu – Cartoon
Melhor vocalista – Cynthia – Pleiades
Banda revelação – Bonecrusher
Álbum do ano – Drowned – Belligerent Part I – The killing state of the art
Show do ano – Planet Hemp
Banda do ano – Hellcome

Luiz Romaniello – Romaniello Comunicação
Melhor guitarrista – Rafael Torres – Tormento
Melhor baixista – Rafael Dinnamarque – Dinnamarque
Melhor baterista – André Marcio
Melhor vocalista – Marcelo Santana – Colt 45
Banda revelação – Cyhad
Álbum do ano – Tormento – Against The Wall
Show do ano – Black Label Society
Banda do ano – Hammurabi

Márcio Siqueira (MS BHz)
Melhor guitarrista – Rodrigo Berne (Tray of Gift)
Melhor baixista – Khadhu (Cartoon)
Melhor baterista – Kiko Lopes (Vorticis)
Melhor vocalista – Bernardo Silveira (Silvercrow)
Banda revelação – Nostoi
Álbum do ano – The Tray of Gift (Tray of Gift)
Show do ano – Black Label Society
Banda do ano – Tray of Gift

Mário Pescada (Mondo Metal – colaborador)
Melhor guitarrista – Alan Wallace – Eminence
Melhor baixista – Tchescko S – Pathologic Noise
Melhor baterista – Críslei Rodrigo – Hammurabi
Melhor vocalista – Bruno Paraguay – Eminence
Banda revelação – Expurgo pelo seu reconhecimento no Brasil e exterior pelo ótimo disco Burial Ground
Álbum do ano – Drowned – Belligerent Part One : The Killing State of the Art
Show do ano – Suicidal Tendencies
Banda do ano – Akerbeltz e seu black metal anos 80

Oswaldo Diniz – (Mondo Metal/O Curupira)
Melhor guitarrista – Walmir – Martírio
Melhor baixista – Luiz “In Memoriam” – Hellharmony
Melhor baterista – Zé Baleia – Eminence
Melhor vocalista – Vladimir Korg – Chakal, Unabomber Files
Banda revelação – Martírio
Álbum do ano – The Extinction Root – Hammurabi
Show do ano – Se for apenas pela apresentação, fico com o Absu. Mas, levando em consideração toda a atmosfera, local e bandas de suporte, o Nocturnal Depression, no Enlevo dos Encantos Sorumbáticos Ato II, foi insuperável
Banda do ano – Martírio, o Desaster das Gerais!

Pedro Jaued – Rádio Web Roots
Melhor guitarrista – Rodrigo Berné – Tray of Gift
Melhor baixista – Edson Guerra – Descerebration
Melhor baterista – Márcio Siqueira – Lustful
Melhor vocalista – Egon Dias – Expurgo
Banda revelação – Payback
Álbum do ano – Scourge – On The Sin Death, Lust and Hate
Show do ano – Cogumelo Fest – Centurian, Misery Index e Into Darkness
Banda do ano – Scourge

Reynaldo Trombini – Metal Clube
Melhor guitarrista – Diego Oliveira – Sacrificed
Melhor baixista – Filipe Duarte – Seawalker
Melhor baterista – Beto Guedes – Drowned
Melhor vocalista – Cinthia Mara – Pleiades
Banda revelação – Pleiades
Álbum do ano – Krow – Traces of the Trade
Show do ano – Dream Theater
Banda do ano – Krow

Mais uma vez agradecemos a todos que participaram de alguma forma do Prêmio Mondo Metal 2012 e elegeram os melhores do ano em Minas Gerais. À nossa fiel audiência (ouvintes e leitores), aos membros da crítica e, claro, as bandas que são o motivo disso tudo aqui! Até o Prêmio Mondo Metal 2013!

Redação Mondo Metal

Nas últimas semanas o Mondo Metal pediu aos seus leitores e ouvintes que votassem nos melhores do heavy metal mineiro em 2012. Hoje publicamos os cinco indicados que tiveram o maior percentual de votos em cada uma das oito categorias. O vencedor de cada uma delas será um dos indicados. As bandas e músicos indicados estão dispostas por ordem alfabética, sem relação alguma com a votação obtida. E vamos a eles:

Indicados a melhor guitarrista do ano
Brankko Siqueira (Devildust)
Júnior Oliveira (Allos)
Leonardo Vieira (Desperata)
Pedro Santos (Nostoi)
Rafa Pontes (Sweet Sinners)

Indicados a melhor baixista do ano
Bruno Bavose (Sacrificed)
Edley Winderson (Allos)
Marco Túlio (Nostoi)
Saulo Gontijo (Devildust)
Thiago Oliveira (Desperata)

Indicados a melhor baterista do ano
André Márcio (Eminence)
Cristian Feital (Desperata)
Henrique Werner (Devildust)
Leandro Lima (Nostoi)
Manfredo Savassi (Seawalker)

Indicados a melhor vocalista do ano
Celso Alves (Allos)
Hiran Garibaldi (Sweet Sinners)
Jorge Cota (Desperata)
Leo Garibaldi (Devildust)
Niena (Nostoi)

Indicados a banda revelação
Civilian
Cyhad
Desperata
Lothlörien
Payback

Indicados a álbum do ano
Spiritual Battle (Allos)
Dream Resort (Desperata)
Still Here (Hellcome)
Traces of the Trade (Krow)
Railroads (Nostoi)

Indicados a show do ano
Black Label Society
Cavalera Conspiracy
Desperata
Dream Theater
Nostoi

Indicados a banda do ano
Allos
Desperata
Eminence
Hellcome
Nostoi

Nesta fase não há mais votação. O resultado final será divulgado na semana do Natal, assim como o voto completo da crítica.

Esclarecimento:

Após a divulgação dos indicados ao Prêmio Mondo Metal 2012 algumas dúvidas surgiram quanto a continuidade da votação ou mesmo a presença de músicos ou bandas entre os indicados que não lançaram trabalhos novos este ano, portanto não justificariam a presença nesta lista. Esclarecemos que:

1. São 2 votações distintas: a do público (esta divulgada) e a da crítica (a ser divulgada)

2. O público é soberano e pode votar em quem quiser. Não fosse isso, Steve Harris não ganharia todas as eleições de melhor baixista mundo afora mesmo quando não lança álbum!

3. A escolha da audiência aceita campanha por votos, aceita voto de amigos das bandas, enfim, ela é do público.

4. A votação está encerrada e novos votos não serão computados para efeito de resultado. Compete neste momento ao Mondo Metal a recontagem definitiva dos votos para a divulgação do resultado final.

5. Os vencedores (do público e da crítica) serão conhecidos na semana do Natal (23 a 29 de dezembro)

6. O corpo de jurados é composto pela equipe do Mondo Metal, produtores mineiros e mídia especializada, a saber:

Christiano Gomes – Mondo Metal
João Renato Faria – Mondo Metal
Lucas Buzatti – Mondo Metal
Oswaldo Diniz – Mondo Metal/O Curupira
Mario Pescada – Mondo Metal (colaborador)
Gabriel Fonseca – Mondo Metal (colaborador)
Reynaldo Trombini – Metal Clube
Pedro Jaued – Rádio Web Roots
Bart Welbert – 53 HC
Márcio Siqueira – MS BHZ Comunicação
Luiz Romaniello – Romaniello Comunicação

7. Os votos da crítica serão todos abertos e divulgados no site www.mondometal.com.br

8. Os vencedores farão parte de um programa especial na Elo FM em 2013 pois acreditamos que esta é a melhor forma de incentivar as bandas mineiras

Christiano Gomes

No início do ano a banda paulista Desalmado passou por Belo Horizonte em um show onde dividiu o palco com ninguém menos que os reis do Death Metal mundial, os norte-americanos do Obituary. O show, como não poderia ser diferente, ficou marcado na memória da banda. De lá para cá o grupo lançou seu primeiro full-lenght, que teve a produção refinada do ex-Sepultura Jean Dolabella, gravou video-clipe, mudou o line-up e seguiu seu caminho na nada fácil estrada do grindcore no Brasil. O Mondo Metal conversou com a banda que falou sobre estes e outros assuntos como turnê européia, as novas músicas e a vontade de voltar à capital mineira para tocar com o Expurgo, banda considerada por eles (com todo mérito) como uma das maiores do país. Confira a entrevista exclusiva e entenda porque o Desalmado está pronto para se tornar uma das grandes bandas do grind nacional.

Mondo Metal: Antes de mais nada é um prazer falar com o Desalmado. Há muito queremos realizar esta entrevista!

Bruno Teixeira: O prazer é todo nosso, é uma grande honra para nós estar aqui no Mondo Metal!

Mondo Metal: Vocês lançaram este ano o álbum Desalmado, o primeiro full-lenght do grupo, produzido pelo ex-Sepultura Jean Dolabella. Como tem sido a receptividade do público cada vez que vocês tocam em uma nova cidade?

Estevam Romera: É estranho, porque nossa principal influencia é o grindcore, mas usamos vários elementos de thrash, death, hardcore, crust no nosso som. Então tem gente que vai ao show ou pega o disco pra ouvir esperando blast beat em 90% do disco. E não tem só isso. Então o pessoal se surpreende. Positivamente, o que é bom!

Mondo Metal: O Desalmado tem contrato com uma gravadora norte-americana, a Greyhaze Records (que detém os direitos sobre o catálogo da Cogumelo para os Estados Unidos). Como isso tem ajudado na divulgação da banda fora do país?

Bruno Teixeira: Tem sido muito importante o trabalho da Greyhaze Records, principalmente nos Estados Unidos. Ano passado a Greyhaze relançou o nosso EP “Hereditas” em vinil e agora eles lançaram o nosso disco em digipack. Eles fizeram uma divulgação bem legal do disco e do clipe. Os Estados Unidos é um mercado que poucas bandas daqui exploram, estamos planejando uma primeira tour nos EUA em 2013 e temos certeza que o apoio da Greyhaze vai ser muito importante para a realização desta tour.

Mondo Metal: Vocês já têm uma tour européia no currículo. Pensam em um novo giro pelo velho continente para breve?

Bruno Teixeira: Sem dúvidas! Já estamos planejando uma tour para o ano que vem, provavelmente menos dias de viagem e mais shows. A nossa primeira tour por lá mudou radicalmente a banda, melhoramos muito ao vivo e também na forma de organizar tudo que é referente ao Desalmado. A estrada é, sem dúvidas, a melhor escola para qualquer banda. Não adianta ter a melhor gravação do mundo se ao vivo a banda não tem pegada.

Mondo Metal: A gente sabe que não tem muito tempo que o CD saiu, mas vocês já estão compondo músicas novas para o próximo álbum ou ainda é cedo para pensar nisso?

Estevam Romera: Já sim! Na verdade a gente começou a compor antes mesmo do disco ser lançado. A gente tá sempre escrevendo alguma coisa na verdade. Quando a gente vai fechar um disco novo a gente só junta as idéias que estão espalhadas. Já estamos preparando um EP para o ano que vem. A gente quer poder ter um ritmo mais rápido de lançar material novo. Para uma banda como a nossa não funciona esperar 2 anos e lançar um disco com 22 músicas. Não sei se essa fórmula faz muito sentido no underground hoje. E também não é interesse nosso ganhar dinheiro com venda de disco. Então a gente quer soltar música nova com frequência e fazer o pessoal ver ao vivo. O disco em si virou um souvenir para quem gosta e acompanha a banda, como uma camiseta ou poster.

Mondo Metal: Houve uma modificação recente na formação do Desalmado, não? Isso alterou de alguma forma a estrutura da banda?

Caio Augusttus: Sim, houve a saida da baixista. Estruturalmente houve alteração, Bruno foi para o baixo e Estevam ficou na guitarra, com isso nos tornamos um quarteto oficialmente, não haverá quinto integrante. No final das contas tem funcionado melhor do que nunca.

Mondo Metal: A gente gostaria que vocês falassem agora um pouco sobre os clipes das faixas Todos vão morrer e Canibal social. Como foram essas produções e como a banda tem trabalhado esses conteúdos.

Estevam Romera: Acho que a resposta dessa pergunta tem relação com o que falei antes. A gente quer cada vez mais fazer vídeos mostrando a gente tocando. Quanto mais ao vivo, melhor. E quanto mais real, melhor. O clipe da ‘Todos vão morrer’ a gente teve a idéia numa quinta, decidiu filmar na sexta e filmou no sábado. O Desalmado não tem cruz invertida, corpse paint, nem corpo sarado e tatuado pra mostrar. O que a gente tem para mostrar é o que a gente toca e nosso som. Então a idéia é sempre mostrar a banda sem interferência nenhuma. Aqui em SP e outras capitais principalmente, o povo não vai mais em shows de underground. Especialmente quando não tem nenhuma banda de amigo tocando. Então nosso principal objetivo com os vídeos é chegar nessa audiência de internet e se mostrar uma banda interessante e real a ponto do cara sair do Facebook e ir ver nosso show. Não só o nosso, mas qualquer show. Tá cheio de banda legal no underground. E essas bandas ficam mais legais quando tem gente assistindo e curtindo o show.

Mondo Metal: A gente percebe que o Desalmado vem sendo conduzido de forma extremamente profissional e isso chama a atenção porque nem sempre os grupos têm esse cuidado. De onde vem isso? De vocês mesmos ou a gravadora tem influência também na parte gerencial da banda?

Ricardo Nützmann: Isso vem de nós mesmos, temos a preocupação de organizar tudo que está relacionado ao Desalmado, dividimos as tarefas, pensamos em metas e seguimos os cronogramas para não perdermos o foco dos nossos objetivos; é como uma empresa, se não for administrada com organização, fali. A Greyhaze ajuda muito na parte de divulgação e distribuição do material da banda.

Mondo Metal: O grindcore está muito forte hoje no Brasil. Já é possível falar em mídia especializada no gênero, gravadoras fortes e, consequentemente, grandes bandas. Quem vocês apontam hoje como grandes nomes do Grind nacional?

Caio Augusttus: Sinceramente, creio que o Brasil tem a melhor safra de bandas da história, isso pensando apenas do grindcore e metal extremo que é onde tenho conhecimento maior. Sobre midia especializada, sim, existem diversos blogs que passaram a ter uma grande representação nesse cenário e isso é bem legal, auxiliam inclusive no trabalho dos selos e divulgação de shows e afins. Sobre gravadoras, elas não existem mais, o “mercado” mudou, infelizmente essa safra veio dentro de uma nova realidade, porém, houve uma adequação natural por conta disso e agora há um periodo transitório natural, o legal disso tudo que na prática as bandas tiveram que vestir em definitivo a camisa do DIY e isso tem funcionado muito bem. Das bandas, não gosto de citar nomes, porém, os ultimos trabalhos do Facada, Test e D.E.R são muito bons e isso os colocam em destaque, o mesmo para o recente Homicide, ótima banda de Santa Catarina.

Bruno Teixeira: É bem isso que o Caio disse. As próprias gravadoras estão tendo que pensar e agir mais de acordo com a filosofia do “faça você mesmo”. Acho isso extremamente positivo, pois o foco fica maior na qualidade do material que é lançado. Nos anos 90 as gravadoras lançavam milhares de bandas sem muito critério, mais para atender uma demanda de mercado. Hoje em dia quem está no ramo, principalmente de metal extremo, é porque gosta e quer fazer um bom trabalho.

Mondo Metal: Vocês tocaram em março com os mestres do death metal do Obituary. Quais foram os maiores shows que vocês fizeram este ano?

Ricardo Nützmann: Sem dúvida o show com o Obituary foi um dos maiores eventos em que tocamos nesse ano, mas também tocamos em um dos maiores eventos de rock do estado de SP, o Araraquara Rock. Gostamos muito de ter tocado em um evento de desse porte, com um equipamento profissional e com uma boa produção.

Mondo Metal: Como foi a passagem por BH no início do ano com o Obituary, Acheron e Impurity?

Ricardo Nützmann: Foi uma grande experiência tocar em BH, onde nasceram grandes bandas do metal nacional, junto com o Impurity que faz parte da cena do metal mineiro, o Acheron e os mestres do Obituary, que é uma grande influência musical para nós. Foi uma grande honra poder tocar junto com Obituary!

Mondo Metal: A gente agradece a entrevista e espera revê-los em breve aqui em Belo Horizonte. Agora o espaço é de vocês! Valeu!

Bruno Teixeira: Nós que agradecemos o espaço! Como eu disse anteriormente, quem está neste meio é porque realmente gosta do que faz e o site é um exemplo disso! Esperamos voltar o mais cedo possível para BH, fazer mais amigos e tocar junto com os caras do Expurgo, uma das maiores bandas de grindcore do país. Vida longa do Mondo Metal!

Os álbuns da Greyhaze Records, e portanto do Desalmado, estão disponíveis no Brasil via Cogumelo Records.

Assista ao clipe da faixa Todos vão morrer

Leia também:
Desalmado: brutalidade e peso no álbum de estreia
Obituary fecha segunda noite de shows do Cogumelo Fest 2012

Christiano Gomes

Parece que Roadrunner está mesmo disposta a criar mais um mal-estar com seus ex-contratados. A antiga gravadora do Sepultura anunciou um novo álbum do grupo reunindo – quase – tudo gravado pelos mineiros em um único pacote. “Sepultura – The Complete Roadrunner Collection” terá a íntegra dos álbuns Schizophrenia (1987), Beneath the Remains (1989), Arise (1991), Chaos A.D. (1993) e Roots (1996). Curiosamente, os “anos Roadrunner” deixaram de fora os álbuns Against (1998) e Nation (2001) justamente os dois que têm Derrick Green nos vocais. Neste pacote a “era Roadrunner” pode ser melhor entendida com “era Max Cavalera”. A Roadrunner não está impedida de relançar qualquer material da banda já que detém os direitos sobre as músicas e por elas paga royalties, mas a exclusão de Derrick Green dos “anos Roadrunner” é, no mínimo, estranha. Mais honesto seria lançar o mesmo álbum sob o nome de “The Complete Max Cavalera Collection”. Quanto à isso não há dúvidas.

Essa não é a primeira vez que a gravadora se envolve em uma polêmica com seus antigos contratados. Em 2002 foi lançado à revelia da banda o duplo ao vivo Under a Pale Grey Sky, gravação do último show do quarteto ainda com Max nos vocais. Descontente, o Sepultura nunca reconheceu o álbum como oficial. Diziam os executivos à época que os brasileiros ainda deviam, por contrato, a gravação de um novo álbum, justificando assim o lançamento do ao vivo e gerando uma grande troca de acusações dos dois lados.

Seria o novo álbum uma resposta, ainda que tardia, à polêmica anterior do álbum ao vivo? Vale lembrar, independente de qualquer  fato, que foi graças ao Sepultura que a a antiga Roadracer Records, um obscuro – porém competente – selo holandês, chegou onde chegou, se tornando a maior gravadora de música pesada do mundo.

Polêmicas à parte o novo pacote da Roadrunner traz o que muitos consideram ser os “anos de ouro” do Sepultura. Os cinco álbuns gravados entre 87 e 96 foram responsáveis por catapultar os brasileiros ao inimaginável estrelato do heavy metal mundial, fazendo com que – na metade da década de 90 – a banda fosse tão grande quanto Slayer, Megadeth ou Metallica! Sim, eles eram!

“Sepultura – The Complete Roadrunner Collection”

Roadrunner Records

01. Intro (Reissue)
02. From The Past Comes The Storms (Reissue)
03. To The Wall (Reissue)
04. Escape To The Void (Reissue)
05. Inquisition Symphony (Reissue)
06. Screams Behind The Shadows (Reissue)
07. Septic Schizo (Reissue)
08. The Abyss (Reissue)
09. R.I.P. (Reissue)
10. Troops Of Doom (Schizophrenia Bonus Track)
11. Beneath The Remains (Reissue)
12. Inner Self (Reissue)
13. Stronger Than Hate (Reissue)
14. Mass Hypnosis (Reissue)
15. Sarcastic Existence (Reissue)
16. Slaves Of Pain (Reissue)
17. Lobotomy (Reissue)
18. Hungry (Reissue)
19. Primitive Future (Reissue)
20. Arise (Reissue)
21. Dead Embryonic Cells (Reissue)
22. Desperate Cry (Reissue)
23. Murder (Reissue)
24. Subtraction (Reissue)
25. Altered State (Reissue)
26. Under Siege (Reissue)
27. Meaningless Movements (Reissue)
28. Infected Voice (Reissue)
29. Refuse/Resist
30. Territory
31. Slave New World
32. Amen
33. Kaiowas
34. Propaganda
35. Biotech Is Godzilla
36. Nomad
37. We Who Are Not As Others
38. Manifest
39. The Hunt
40. Clenched Fist
41. Roots Bloody Roots
42. Attitude
43. Cut-Throat
44. Ratamahatta
45. Breed Apart
46. Straighthate
47. Spit
48. Lookaway
49. Dusted
50. Born Stubborn
51. Jasco
52. Itsari
53. Ambush
54. Endangered Species
55. Dictatorshit
56. Canyon Jam

Holy shit!

Christiano Gomes

Um dos melhores álbuns de 2013? Mal começou o ano e já temos um sério candidato a melhor álbum do ano. Se fosse lançado em 2012 o álbum do Infliction certamente estaria entre os cinco melhores lançamentos. Eles vêm da terra dos mestres do Behemoth e fazem um heavy metal verdadeiramente pesado, vibrante, feito para bater cabeça da primeira à última música! Thrash sem firulas, moderno, com muitas palhetadas, bumbo duplo na medida e tudo mais que se pode esperar de uma grande banda. Esse é Meaning of Death, EP de 5 faixas que está sendo lançado este mês pelo quarteto Infliction, banda da impronunciável cidade de Bydgoszcz, no centro do país.

Formado a apenas dois anos e fãs, entre outros, de Sepultura, o quarteto que tem em seu line-up o guitarriata e vocalista Kosiarz, Adyj na outra guitarra, Kudal no baixo e Lskey na bateria, começou somente no ano passado a moldar o que seria a banda e em novembro entrou em estúdio para a gravação do primeiro trabalho. O Infliction é uma banda que ainda faz o circuito polonês, mas o som que produz tem potencial para colocá-los em qualquer grande festival europeu ou mesmo proporcionar grandes turnês. A arte do CD é bem feita e chama atenção pela estética de história em quadrinhos. O desenho da banda não engana, são quatro garotos se divertindo e fazendo som de gente grande.

Musicalmente falando, Meaning of Death é quase perfeito. Do ponto de vista da gravação, excelente por sinal, apenas um ou outro detalhe poderiam ser melhorados, como o som da bateria que fica abaixo da música em alguns momentos. A construção das músicas é irretocável. Meaning of Death tem o frescor dos anos 80 sem que a banda se proponha a fazer um som declaradamente old-school. O grande mérito do grupo é tocar com garra, fazer riffs matadores e ter grandes momentos de mosh nas músicas. Meaning of Death é provavelmente o álbum que mais chegou perto de receber os cinco Ms que classificam os álbuns no Mondo Metal.

Atenção gravadoras, a  banda está a procura de um selo para lançar o álbum na América do Sul! E, sim, eu gostaria de vê-los ao vivo por aqui!

Um amigo que reclamava comigo estes dias sobre os rumos do heavy metal atual, descontente com a nova safra de bandas, certamente mudaria sua opinião se tivesse ouvido o Infliction antes. Para usar um termo da conversa, o Infliction tem “sangue nos olhos”, tem garra e vai longe! Anotem este nome: Infliction! Ainda ouviremos falar muito sobre eles! E em breve o programa Mondo Metal na Elo FM vai tocar algumas faixas da banda.

Blame the Sun

1. Blame the Sun
2. Meaning of Death
3. Ethinic
4. Schrodinger´s Cat
5. Path of Sanity

Link:
www.facebook.com/inflictionpl

Ouça a faixa Schrodinger´s Cat

Christiano Gomes e João Renato Faria

Recém-chegados de Nova Iorque, após um show memorável ao lado da lenda Prong, na primeira apresentação da banda na América, os integrantes do Eminence trouxeram de volta ao Brasil mais que garrafas de Jack Daniel´s e postais da Big Apple na bagagem. O Mondo Metal conversou com o guitarrista Allan Wallace assim que a banda retornou ao país para saber as repercussões do show nos Estados Unidos e o que aguarda a banda daqui para frente.

Mondo Metal: Allan, antes de mais nada obrigado pela entrevista, é sempre um prazer conversar com o Eminence. Para começar queremos saber como foi tocar em Nova Iorque, uma das maiores cidades do mundo e clara formadora de opinião?

Allan Wallace: Foi o nosso primeiro show nos EUA e foi uma experiência incrível tocar em NYC, muitos jornalistas e pessoas ligadas as Colleges Radios.

Mondo Metal: O público norte-americano é muito diferente do europeu. Como vocês foram recebidos no show?

Allan Wallace: Foi um show bem diferente que foi tocar em um Barco, e a maioria das pessoas presentes eram jornalistas, A&R, e por incrível que pareça os caras fizeram até roda de mosh. Parecia estar tocando em BH. Eles agitaram muito. Sim, é bem diferente do europeu.

Mondo Metal: God of all mistakes está tocando em algumas rádios dos Estados Unidos. Como isso ajudou na divulgação da banda na América?

Allan Wallace: Esse foi o primeiro passo para tocarmos no Festival CMJ , acho que não fosse o apoio das rádios universitárias não iriamos tocar e facilitou muito as negociações.

Mondo Metal: Vocês acham que esta apresentação pode, no futuro, se tornar um divisor de águas na história da banda?

Allan Wallace: Recebemos esta semana um convite do SXSW, no Texas, um dos maiores festivais independentes dos EUA e um dos organizadores estava no CMJ e convidou o Eminence.

Mondo Metal: Como é que é essa história de fazer um show em um barco que fica circulando a ilha de Manhattan? Pelo que vimos esse tipo de show é muito comum por lá (mais até do que a gente poderia imaginar).

Allan Wallace: É sim, galera faz muito isso. Um dia antes do nosso show teve a apresentação do Geoff Tate, do Queensrych, no mesmo barco. Foi muito legal circular por Manhattam dentro de um barco e tocando.

Mondo Metal: Porque vocês acham que demorou tanto pra tocar nos Estados Unidos já tendo a banda se apresentado no Japão, Nova Zelândia, Europa e América do Sul?

Allan Wallace: Acho que por falta de oportunidade mesmo. Não tínhamos recebido um convite concreto para a América e o CMJ chegou na hora certa.

Mondo Metal: Vocês tocaram com o Prong que, além de ser uma banda local, é uma lenda do underground e tem muito respeito junto a outras bandas. Deu um frio na barriga ou foi um show como qualquer outro?

Allan Wallace: Sempre dá um frio na barriga para qualquer show, se um dia eu perder isso eu paro de tocar. Conhecer o Tommy Victor foi uma honra, eu escutava Prong quando eu tinha 20 anos e depois poder tocar junto sem dúvida alguma é a realização de um sonho. O show da banda Prong foi avassalador.

Mondo Metal: Vocês chegaram a antecipar alguma música nova para o público de Nova Iorque?

Allan Wallace: Sim, tocamos uma música nova que se chama Eyetricity.

Mondo Metal: Essa foi apenas a primeira experiência nos Estados Unidos. Apesar disso já dá para pensar em uma turnê completa?

Allan Wallace: Acredito que depois das gravações do novo CD poderemos pensar em algo para os EUA.

Mondo Metal: 2013 deverá ser um ano de muito trabalho para a banda com a gravação do novo álbum que terá a produção confirmada de Terry Date. Já está certa a vinda do produtor à Belo Horizonte em fevereiro para acompanhar os trabalhos do grupo?

Allan Wallace: Esta tudo certo para a chegada do Terry. Estamos trabalhando muito para gravar este novo CD e muito ansiosos. Ele já trabalhou com grandes nomes do metal mundial.

Após a passagem pelo Estados Unidos o Eminence deve começar a colher bons frutos já no próximo ano, que será marcado por novos shows pelos Estados Unidos e Canadá, um provável novo giro europeu e a gravação do sucessor de The God of All Mistakes com a produção de Terry Date. Aguardemos!