Dois anos e meio se passaram desde o frustrado Metal Open Air, mega festival que pretendia reunir em São Luís, no Maranhão, algumas dezenas de bandas nacionais e internacionais de Heavy Metal. O que era para ser uma celebração da música pesada se transformou em filme de terror. Cancelamentos em série e todo tipo de complicações com ECAD e justiça acabaram por decretar o fim de um festival que nem chegou a começar direito. Na ocasião as produtoras responsáveis pelo evento – Negri Concerts e Lamparina Produções – se esquivaram como puderam da responsabilidade alegando divergências contratuais e quebra unilateral de contrato por parte de algumas bandas que teriam recebido (segundo a versão das produtoras) não somente os cachês previamente acertados, mas todas as condições exigidas tais como som, iluminação, palco, back line e camarins. A íntegra do comunicado feito à época você lê logo abaixo. Ratos de Porão, Unearthly, Shadowside, Headhunter D.C., Stress, Terra Prima, Hangar, Venon, Saxon e Anthrax foram algumas das bandas que cancelaram suas apresentações no festival.
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Metal Open Air: cancelamento agora é oficial
A história mal contada e fruto de imenso despreparo, irresponsabilidade, falta de planejamento e descaso com público, bandas e fornecedores deveria ter servido de lição aos produtores nacionais para nunca mais se repetir. Infelizmente, com roteiro parecido e personagens diferentes, o Brasil assiste a um novo desastre, desta vez em Rio Negrinho, Santa Catarina. Tido como a redenção dos festivais de grande porte do Brasil, o Zoombie Ritual, que acontece todos os anos no mesmo local, repete em sua edição 2014 os mesmos erros de seu antecessor maranhense cancelando banda atrás de banda, desrespeitando contratos firmados e deixando o público sem a certeza de sua realização. Até o momento já estão cancelados os shows do Carcass, Whiplash, Ragnarok, Stress, Salário Mínimo, Overdose, Sextrash e Venon. Em nota, a produção do evento assume parte da responsabilidade pelos cancelamentos, mas afirma que algumas bandas tiveram problemas particulares para se apresentar.
Em nota publicada nesta quinta-feira (11) os ingleses do Venom afirmam que o promotor brasileiro não cumpriu os termos do contrato assinado impedindo que a banda se apresente. Já o Carcass se manifestou em igual teor acusando os responsáveis pelo festival de não providenciar os vistos de trabalho no Brasil, não depositar o valor integral do cachê e não fornecer informações técnicas sobre o show da banda. Os mineiros do Overdose, uma das bandas mais aguardadas e que faria seu retorno aos palcos, também foi obrigada a cancelar sua apresentação alegando, mais uma vez, o descumprimento de todas as cláusulas contratuais. Em um ato desesperado, os alemães do Destruction pediram ajuda via Facebook aos fãs brasileiros. No comunicado o grupo informou estar no local do show porém sem informações sobre o promotor do evento. Já na madrugada de sexta-feira a banda desistiu definitivamente do festival alegando quebra de contrato.
Fica a nossa pergunta: até quando? Até quando teremos que conviver com produtores que superdimensionam seus eventos sem as condições técnicas, financeiras e legais necessárias para sua realização? Até quando teremos que conviver com o amadorismo, com a irresponsabilidade e com o desrespeito? Novamente assistimos, incrédulos, a um megafestival nacional desmoronar. Ao que parece, não aprendemos as lições deixadas pelo Metal Open Air… Até quando?