Alguns países ficam marcados na cabeça de quem escuta metal como referências de determinados estilos. No caso da Noruega, logo nos lembramos das suas diversas bandas de Black Metal. E é da cidade de Bergen (a segunda maior do país e a mais chuvosa da Europa), terra natal também do Gorgoroth, Burzum e Immortal, que vem o Galar.
A banda que começou como um duo formado por M. Kristiansen e A. B. Lauritzen chega nesse terceiro CD De Gjenlevende (traduzindo “O Sobrevivente”) praticando um excelente Black/Folk Metal, pronta para se tornar mais uma boa referência do estilo.
Para a gravação desse CD, houve a participação de diversos músicos convidados e uso de instrumentos diversos como fagote, violoncelo e violino. Até a participação de um quinteto de cordas e um quarteto de sopro foi utilizada. Apesar do uso de tantos instrumentos de cordas e sopro, não se preocupe: a mistura ficou muito bem equilibrada, tudo bem dosado, sem querer soar forçado ou proposital. A essência é o típico black metal nórdico com guitarras cortantes, vocais rasgados e bateria ultra rápida, já os toques de folk com vocais cantados deixou o som menos óbvio e repetitivo, como pode ser ouvido na faixa-título, Natt…Og Taust Et Forglemt Liv e Gjeternes Tunge Steg.
As letras – todas em finlandês – foram escritas por Jorge Blutaar e giram em torno de ontologia (parte da metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos entes), elegia (tipo de poesia com forte tom melancólico) e folclore pagão-europeu. Ele explica que as letras “são textos contemplativos sobre o pavor absoluto que assombra tanto a mente humana quanto o corpo quando o inverno mantém cada ser vivo preso. Inverno é a época de escuridão absoluta, falta de forças e morte inevitável que desafia a humanidade, feras e plantas igualmente. Porém, enquanto houver vida, há esperança, e eventualmente uma nova era de Sol irá trazer ao fim a aparentemente eterna escuridão do inverno. Com a chegada da primavera, esperança e vida irão florescer mais uma vez. É um retrato de processo cíclico de transformação que é tão velho quanto a própria história da humanidade”. Talvez a música que melhor expresse esses sentimentos seja justamente a instrumental Ljós.
Em minha opinião, é na última faixa Tusen Kall Til Solsang Ny, que a banda se supera, conseguindo mesclar todos os elementos citados muito bem, inclusive com solos de guitarra. A medida que a faixa vai terminando, vai crescendo e ganhando um tom quase épico!
Recentemente, o duo se tornou uma banda completa com a contratação de músicos permanentes, com certeza já pensando nos shows que virão por causa desse ótimo lançamento e para execução ao vivo das músicas dos antecessores Til Alle Heimsens Endar (2010) e Skogskvad (2006).
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Formação:
M. Kristiansen: vocais gritados, guitarra e baixo
A. B. Lauritzen: vocais, fagote, piano
Marius Kristiansen: vocais gritados, guitarras
Are Bøen Lauritzen: vocais limpos, fagote
Tomas Myklebust: bateria
Simon Futterlieb: baixo
Pól Nolsøe Jespersen: guitarra base
Galar
Álbum: De Gjenlevende
01 – De Gjenlevende
02 – Natt …Og Taust Et Forglemt Liv
03 – Bøkens Hymne
04 – Ljós (instrumental)
05 – Gjeternes Tunge Steg
06 – Tusen Kall Til Solsang Ny