O ano de 2013 será marcado como um ano de grandes lançamentos de bandas referências em seus estilos: Megadeth (heavy/thrash), Suicidal Tendencies (hardcore), Hypocrisy (death metal), Burzum (black metal) e o mais aguardado de todos, Black Sabbath.
Mas também será marcado como o ano de encerramento das atividades de outra referência, do doom metal, o Cathedral. Desde 2011 que a banda havia anunciado suas atividades para 2013. E cumpriu.
E para encerrar em grande estilo, lançaram em abril um ótimo disco, The Last Spire, com apenas 8 faixas, sendo 2 instrumentais. É uma volta ao estilo mais direto de som, o que não ocorreu no cansativo The Guessing Game.
O disco começa com a primeira instrumental, Entrance To Hell, cheia de distorções, sinos, corvos ao fundo e uma fala repetida diversas vezes já criando um bom clima para a próxima faixa.
Pallbearer vem na sequência, com seu riff e vocal arrastado, falando sobre a degradação do mundo até um ponto sem retorno e anunciando a chegada do que seriam os quatro cavaleiros do apocalipse (guerra, fome, seca e doença) no refrão.
A terceira faixa é Cathedral Of The Damned quebrando a visão romântica de um outro mundo pós morte, devidamente acompanhada por um riff muito bem escolhido de acordo com a temática da música.
No meio do disco, aquela que pra mim é a melhor do disco e um das melhores deles de toda carreira: Tower Of Silence com seu riff tétrico que deixaria Tommy Iommi orgulhoso do seu legado iniciado 40 anos atrás. Além do excelente riff, a letra também é muito boa, uma visão bem pessoal de alguém que se “retira do mundo”, espreitando uma sociedade a qual não se encaixa (será esse o motivo que fez a banda encerrar suas atividades)?
A faixa cinco, Infestation Of Grey Death, é uma consolidação das letras anteriores, sendo a mais pessimista do disco. Fala sobre a indiferença da sociedade com nossos problemas, uma rotina esmagadora e a confirmação de que estamos indo aos poucos rumo ao fim sem nos importamos muito com isso (o título pode se traduzido como Infestação da Morte Cinza).
Mantendo o climão, An Observation seria o pré fim (“Um funeral é tudo que eu vejo / Um funeral é tudo que eu sinto”). No meio da música, uma quebra inesperada: um solo de sintetizador. A banda sempre flertou com a psicodelia dos anos 60/70 além de outros estilos, o que fez com que não parasse no tempo e não se tornasse repetitiva nos discos.
The Last Laugh é a oitava e segunda faixa instrumental. Curta, sem grandes atrativos.
Encerrando (em todos os sentidos), This Body, Thy Tomb com toda sua grandiosidade, uma das melhores do disco. A mais arrastada, com uma batida seca de bateria e algumas distorções. Também uma leve quebra no meio, só que agora por um violão e um bonito solo, acompanhados por um borbulhar (?) e uma trilha de fundo. Retorna na mesma pegada já deixando um gosto de quero mais pela próxima faixa, que não virá…
Foram pouco mais de 20 anos de estrada, com 10 discos de estúdio e alguns Ep´s, criando influência sobre diversas bandas e o respeito da crítica e público.
Aos já saudosistas (como eu), Lee Dorrian deixou claro que não é intenção da banda se reunir algum dia e que seria algo muito improvável disso acontecer.
No site da banda, uma despedida: “É hora de ir adiante e deixar nosso legado musical ficar. Nós gostaríamos de expressar nossa sincera gratidão a estas pessoas especiais que apoiaram o Cathedral nesses anos. Isso pode soar como um cliché, mas é certamente verdade – nós simplesmente não estaríamos aptos a fazer isso sem vocês, obrigado!”. Nós que agradecemos Dorrian!
Assista ao último clip da banda, “Tower Of Silence”
FORMAÇÃO
Lee Dorrian – vocais
Garry Jennings – guitarra
Brian Dixon – bateria
Scott Carlson – baixo
Munch – teclados
DISCOGRAFIA
• Forest Of Equilibrium (1991)
• The Ethereal Mirror (1993)
• The Carnival Bizarre (1995)
• Supernatural Birth Machine (1996)
• Caravan Beyond Redemption (1998)
• Endtyme (2001)
• The VIIth Coming (2002)
• The Garden of Unearthly Delights (2005)
• The Guessing Game (2010)
• The Last Spire (2013)