Não foi a primeira vez que o Cavalera Conspiracy se apresentou em Belo Horizonte. Mas o show do último sábado, dia 13 de setembro, merece ser colocado um degrau acima da apresentação de 2012 e o rótulo de histórico. Naquela ocasião, havia uma expectativa pela volta de Max Cavalera à cidade onde tudo começou, mas o público ficou com uma impressão de um show burocrático e sem grandes agrados ao público mineiro. Desta vez, os headbangers belo-horizontinos foram brindados com uma apresentação impecável, que transbordou energia e fez todo mundo sair com um sorriso no rosto do Music Hall.
Em cerca de 1h30, os irmãos Cavalera, acompanhados do guitarrista Marc Rizzo e do baixista Tony Campos repassaram toda a obra que realizaram juntos, com direito a músicas de quase todos os discos do Sepultura com participação dos dois.
Assim que subiu ao palco, Iggor Cavalera foi ovacionado pelo público, que manteve o grito quando Max apareceu para emendar Inflikted, que batiza o disco de estreia do Cavalera Conspiracy, seguida por Warlord e Torture.
O primeiro momento de comoção da plateia aconteceu com o medley que emendou Beneath The Remains, Desperate Cry e Troops Of Doom.
O repertório seguiu valorizando o trabalho mais recente dos irmãos, inclusive com uma novidade, Babylonian Pandemonium, que estará no terceiro disco do projeto, a ser lançado em novembro. As novidades foram muito bem recebidas, mas é inegável que foi a sequência final, que privilegiou as músicas do Sepultura, que deixou o público insandecido.
A participação do guitarrista Jairo Guedz em Necromancer, do disco Bestial Devastation foi para nenhum fã das antigas botar defeito. Afinal de contas, estavam no palco três quartos do Sepultura original. A faixa, aliás, só foi executada na capital mineira, ficando de fora dos outros repertórios. Ponto para BH. Sem bis, o show terminou com a catártica Roots Bloody Roots, que transformou o Music Hall inteiro em uma roda alucinante de mosh.
Ao contrário do show de 2012, Max Cavalera finalmente pareceu que estava tocando em Belo Horizonte, cidade que viu o Sepultura nascer. Elogiou o público, conversou bastante e a todo momento sorria. Durante o medley de Arise e Dead Embrionic Cells, ficou visivelmente emocionado.
Max anunciou Inner Self como sendo uma “homenagem” ao bairro Santa Tereza, onde ele morou nos anos 80 e lembrou da Cogumelo, do festival Metal BH e ainda se enrolou em uma bandeira de Minas Gerais que alguém jogou no palco e que ficou boa parte do show em cima de um amplificador. Já Iggor mostrou que, mesmo se dedicando mais ao Mix Hell, projeto de música eletrônica, ainda é um dos bateristas mais impressionantes ao vivo que existe.
A se lamentar, apenas a quantidade de pessoas que compareceram, insuficiente para ocupar os 1500 lugares do Music Hall. Dada a importância dos irmãos Cavalera para a música pesada não só da cidade, mas do Brasil, eles mereciam uma casa lotada.
Set-list Cavalera Conspiracy
Belo Horizonte, 13 de setembro de 2014
Inflikted
Warlord
Torture
Beneath the Remains / Desperate Cry / Troops of Doom
Sanctuary
Terrorize
The Doom Of All Fires
Wasting Away
Babylonian Pandemonium
Arise / Dead Embryonic Cells
Killing Inside
Refuse/Resist
Territory
Black Ark (part. Richie Cavalera)
Bonzai Kamikaze
Inner Self
Attitude
Necromancer (part. Jairo Guedz)
Orgasmatron
Roots Bloody Roots
Cavalera Conspiracy em BH
* Fotos gentilmente cedidas por Diego Rodriguez