Desde sua aparição súbita no Myspace o Job For A Cowboy dá muito que falar. Um fenômeno cada vez mais raro no competitivo mercado do metal dos novos tempos, JFAC criou uma base de fãs online antes mesmo de ter lançado um EP sequer, e quando este veio, a Metal Blade não perdeu tempo em adicioná-los ao seu plantel. No entanto, a seguida troca de membros e falta de caracterização de estilo fez com que gradativamente a banda fosse se enfraquecendo no cenário do metal, e o importuno rótulo de Deathcore os perseguiram injustamente desde sua criação, até que Sun Eater veio para exterminar por completo esta densa sombra do passado.
Apenas alguns segundos de audição são suficientes para perceber que este álbum é um novo monstro… JFAC explora com maestria toda sua capacidade técnica e deixa a criatividade fluir em um Death Metal de elevada progressividade e precisão – mas não se engane novamente pelos rótulos – Sun Eater é extremamente pesado, imponente e tão orgânico que pode lhe fazer bater cabeça em lugares impróprios, por isso, atenção ao ouvir o álbum no trabalho!
Jason Suecof (Deicide, Six Feet Under, Trivium) é o responsável pela produção e merece antes de mais todo o mérito. Todos os instrumentos estão perfeitamente mixados e em completa harmonia. Especial atenção foi dada ao baixo de Nick Schendzielos (ex-Cephalic Carnage) que pode enfim explorar sua técnica com total liberdade, e de presente foi masterizado mais alto que o habitual, dando ao produto final diversas camadas com paredes tão sólidas que a bateria é capaz de escalá-la. Danny Walker (baterista de sessão e atual membro do Intronaut) agradece, e provém exatamente a qualidade progressiva que JFAC necessitava.
“Eating the Visions of God” e “Sun of Nihility” abrem o álbum e são de cara as faixas mais marcantes. Vê-se logo que a abordagem ocorre de maneira diferente. Não mais atacar, destruir, devastar, e sim deixar o som tomar forma, peso e consistência. Jonny Davy ampliou consideravelmente seu alcance vocal, mas não espere vê-lo cantar belas melodias… Jonny faz questão em propagar seus guturais animalescos com mais variações que nunca! “A Global Shift” é uma grande rendição de sua atual capacidade.
Tony Sanicandro e Al Glassman ditam o tempo durante todo o trabalho, alterando riffs extremamente pesados e sombrios (“The Celestial Antidote” e o neurótico fechamento do álbum em “Worming Nightfall”) à palhetadas ultra-rápidas e devastadoras espalhadas por todo o álbum. A maestria emplacada na mudança de tempo e direção abre porta para solos precisos e muito bem colocados, provando que Sun Eater, em sua íntegra e toda complexidade, consegue entregar uma obra concisa, sem soar uma vez sequer forçado ou de forma alguma apressado.
Sem dúvida este é o melhor trabalho do JFAC, deixando seus antecessores tão distante que não é difícil questionar: será esta a mesma banda?
Confira a faixa Sun of Nihility, do álbum Sun Eater: