Assim como ocorre com todos os outros estilos dentro do metal, o black metal também passa por mudanças, ou, se preferir, chame de evolução (quem imaginaria que um dia haveria death metal melódico?), criando diversos subgêneros. Um processo natural, afinal, já se passaram 30 anos desde o início do estilo e os músicos que foram influenciados pelos pioneiros (Venom, Hellhammer, Sarcófago, etc…) foram adicionando suas experiências pessoais e musicais a cada estilo.
Uma das vertentes que mais crescem dentro do black metal hoje é o que usa elementos como teclados, distorções e andamento mais devagar nas músicas, ao contrário do peso e agressividade sem freio do começo do estilo nos anos 80/começo dos 90, para criar um ambiente sonoro caótico, mais melancólico e cheio de texturas.
É nessa linha que os franceses do Blut Aus Nord (Sangue do Norte, em alemão, apesar de que o correto seria Blut Aus Dem Norden) investem com conhecimento.
Se for possível usar uma única classificação para o som que o trio formado por Vindsval (vocais/guitarras), W.D. Feld (bateria, samplers, teclados), Ghost (baixo) e de outros músicos de estúdio convidados fazem, seria ambient black metal.
Não é um som de fácil assimilação para quem gosta da parte mais extrema do estilo: o som é quebrado, muitos vocais distorcidos e sussurrados, timbres diferentes de guitarras na mesma música, barulhos ao fundo, tudo para criar um clima para “viajar” mesmo (recomendo ouvir com fone ou em volume bem alto para captar cada detalhe). Mas também está ali a base do estilo: uso constante de pedais duplos e o som da guitarra marcando o ritmo. No fim, tudo se funde de forma harmônica.
A banda não foi criada para ser apenas “uma banda”, e sim uma espécie de manifestação artística musicada. Nas palavras de Vindsval, “BAN é um conceito artístico. Nós não precisamos pertencer a uma categoria específica criada pelas pessoas para existir. Se o black metal é apenas esse sentimento subversivo e não um estilo musical básico, então BAN é um ato de black metal. Mas, se nós tivermos de sermos comparados a todo esse satanismo infantil, por favor deixe nosso trabalho fora desse circo. Essa forma de arte merece algo mais do que essas bandas medíocres e sua velha música composta 10 anos antes por outras pessoas”.
O disco 777 – The Desanctification é a segunda parte da trilogia que começou com 777 – Sects (abril 2011) e terminou com Cosmosophy (2012). Nesse volume, são apenas sete músicas ao longo de 44 minutos, começando em Epitome VII (continuando a última faixa do disco Sects, Epitome VI) e terminando com Epitome XIII (e daí sendo sequenciada em 777 – Cosmosophy), abordando temas ligados ao misticismo, filosofia e individualismo.
777 – The Desanctification
Gravadora: Candlelight Records
Lançamento: novembro 2011
Track-list
Epitome VII
Epitome VIII
Epitome IX
Epitome X
Epitome XI
Epitome XII
Epitome XIII
Álbuns de estúdio
Ultima Thulée (1995)
Memoria Vetusta I – Fathers of the Icy Age (1996)
The Mystical Beast of Rebellion (2001)
The Work Which Transforms God (2003)
MoRT (2006)
Odinist: The Destruction of Reason by Illumination (2007)
Memoria Vetusta II – Dialogue with the Stars (2009)
777 – Sect(s) (abril 2011)
777 – The Desanctification (novembro 2011)
777 – Cosmosophy (setembro2012)
EPs
Thematic Emanation of Archetypal Multiplicity (2005)
What Once Was… Liber I (2010)
What Once Was… Liber II (2012)
Ouça a faixa Epitome VII