Até algumas semanas atrás só conhecia o Devildust de nome. Sabia um pouco sobre a banda, mas ainda não tinha tido a oportunidade de ouvi-los. Quando recebi o convite para ser um dos jurados da seletiva mineira do Wacken Open Air vi que o Devildust estava entre as bandas participantes e teria então a chance de conhecer seu som. Já na chegada ao Matriz, local da seletiva, em uma monótona tarde de domingo, rápidos cumprimentos a alguns membros das bandas e a expectativa pelos shows. Segunda banda a se apresentar, o Devildust deixou rapidamente uma boa impressão em todos. Com apenas dois anos de estrada, a banda tem uma presença de palco e um domínio do público que muita banda grande ainda não conseguiu alcançar. A empolgação do público presente, ainda anestesiado com o show de Ozzy Osbourne na noite anterior, me chamou muito a atenção. Carismático, o vocalista Leo Garibaldi se comunica muito bem com seu público que em retribuição agita do primeiro ao último acorde. Terminados os shows, notas devidamente dadas as bandas concorrentes, fui parado na porta do Matriz pelo pessoal do Devildust. Uma rápida conversa com o guitarrista Brankko e com o baixista Gonntijo e surge de dentro da casa de show o guitarrista Conrado Salazar com uma caixa de CDs na mão: “queria deixar um CD nosso para vocês ouvirem! Ouça e critique. Pode descer a lenha, não tem problema. Queremos saber o que vocês acharam do nosso trabalho”. Ok então! Vamos lá!
Passada a apresentação na seletiva do Wacken (ou W.O.A. Metal Battle 2011, como queiram) fui ouvir com calma Route 69, primeiro trabalho da banda. O EP lançado em janeiro deste ano apresenta sete faixas muito bem produzidas pela própria banda e pela dupla Alan Wallace e André Márcio, do Eminence.
O álbum abre com a apoteótica Roverture uma faixa instrumental recheada de samplers de pouco mais de 2 minutos que segue em tom crescente fazendo com que o ouvinte se inquiete cada vez mais pelo que está por vir.
Os destaques, na minha opinião, ficam por conta das faixas Anger, Route 69, The Last Dragon (que tem um certo ar de Iron Maiden) e (We are) Devildust, todas muito boas, muito bem tocadas. A última, por sinal, já me chamou atenção logo na apresentação da banda no Metal Battle, com um refrão muito forte que fez o público bater cabeça e cantar junto com o quinteto do início ao fim.
As faixas restantes, By Fire e Dancers in the Sky (uma boa pisada no freio, bem no meio do álbum) compõe bem o restante do CD e não deixam o clima cair.
É difícil classificar o Devildust como pertencente a este ou aquele estilo, pois seus integrantes trazem consigo influências diversas, facilmente percebidas nas músicas que por vezes apresentam trechos muito rápidos, quase como um speed metal dos anos 80, outros mais cadenciados ou ainda com as palhetadas do thrash também oitentista, hard rock (bastante presente) e até mesmo o bom e velho rock´n roll. Mais fácil dizer simplesmente que fazem heavy metal! Isso é bom e mau na mesma medida, pois, se por um lado dá liberdade de criação, por outro dificulta a inevitável classificação da banda. Sempre haverá aquela pergunta: o que mesmo eles tocam?
O Devildust apresenta uma maturidade musical impressionante. A banda já tem um estilo próprio, não se prende a vertentes (como dito acima) e se mostra muito entrosada não somente dentro do estúdio, mas também ao vivo, como tive oportunidade de assistir. Difícil acreditar que Route 69 é apenas o primeiro trabalho da banda! Com produção apurada e cuidadosa e faixas muito bem compostas e tocadas, o Devildust não chega para ser apenas mais um, chega para se destacar e se colocar como um dos grandes nomes do metal mineiro. É questão de tempo!
No Programa Mondo Metal da Elo FM da próxima segunda-feira, 02 de maio, você vai conferir uma faixa do álbum Route 69. Para ouvir ao vivo, clique aqui.