Gabriel Fonseca, especial para o Mondo Metal
Sexta, 07 de Setembro de 2012, um dia para ver o desfile na capital tupiniquim, mas a real é que seria o primeiro dia do Porão do Rock!
Noite quente, fila para comprar ingresso a módicos quinze reais (e mesmo assim era possível ver uma multidão de cambistas tentando vender seus ingressos antecipados ou 1kg de alimento não perecível como doação), um completo desleixo com a arrecadação de doações, muitos simplesmente não fizeram suas doações e ingressaram no ginásio Nilson Nelson sem problema algum. Mesmo com uma das revistas mais superficiais que eu já passei na vida, não percebi nenhum tipo de confusão, conflito, briga ou qualquer tumulto durante o evento. Crianças, adultos, jovens conviviam num ambiente completamente familiar, até comprar um churros ou saco de pipoca era possível. Uma boa distribuição de pontos de venda de bebidas tanto alcoólicas quanto não-alcoólicas proporcionava ao público uma zona de conforto inalcançável em muitos eventos pelo Brasil. Em geral a organização está de parabéns pelo festival. Se desconsideramos esses pequenos deslizes na entrada, todo o resto estava funcionando muito bem, inclusive a venda de tubos de ensaio de Jägermeister por várias duplas de meninas que circulavam por entre o público.
Motosierra: O que falar desses Uruguaios completamente malucos? Bom, primeiro que eles deveriam ser menos malucos (e quando digo eles, me refiro ao baixista Leonardo Bianco e o vocalista Marcos Fernández) e deixar mais a música falar por si só. Um ótimo show, com execução impecável. Com certeza marcou uma noite que ainda tinha muito mais a oferecer.
Slow Bleeding: Devido a um atraso nos palcos Uniceub e Chillie Beans, acabei perdendo esse show e vendo no lugar o show do – Trivium: Definitivamente um dos maiores shows da noite, com uma das maiores produções, melhor equalização de som etc. Gostaria de ainda estar nos meus quinze anos para poder aproveitar melhor esse show. Detalhe, não deixou nada a desejar se comparado aos shows realizados no Download Festival e Hellfest, ambas edições de 2012.
Raimundos: O único sentimento que eu poderia usar pra descrever o que os Brasilienses, vulgo Candangos, sentem por essa banda é amor. O público delirava a cada música e a cada memória que ia sendo criada por um momento tão único. A escolha de tocar um álbum inteiro em sequencia (Lavô Tá Novo) apenas deixou seus fãs mais felizes. Meu temor de que a banda ao vivo deixaria muito a desejar após a saída de seu vocalista Rodolfo morreu completamente. A banda se sustenta sem problemas, ta ok, rola um saudosismo do Rodolfo, mas só isso.
Red Fang: Finalmente a cereja do bolo guardado até o último momento no fundo do porão. Com uma qualidade do som muito superior aos outros shows, tanto na parte técnica do festival quanto pela execução da banda, a espera de uma noite inteira foi totalmente recompensada. O grupo norte americano mostrou o poder do Stoner Rock. Fizeram um show direto ao ponto, sem firulas, apenas tocaram um rock’n’roll de altíssima qualidade.
Sábado, 08 de Setembro de 2012, mesmo cansado da soma de viagem + primeiro dia de festival + acordar cedo pra tomar café da manhã, muita coisa ainda estava por vir no segundo dia de Porão do Rock!
Sepultura: O show poderia ser facilmente classificado em duas fases: Fase I – músicas do novo álbum (Kairos) e Fase II – Clássicos. O show seguiu uma linha muito bem definida e proporcionou um ótimo espetáculo tanto a fãs antigos quanto aos novos, que possivelmente estavam assistindo a apresentação pela primeira vez. Fiquei tão perplexo com o novo baterista da banda (Eloy Casagrande) que me esqueci de prestar atenção no resto da banda. Durante as várias alterações de integrantes, nenhuma foi, pra mim, tão fácil de assimilar como a saída de Jean Dolabella e entrada de Eloy.
Optical Faze: Apesar de nova, a banda Brasiliense apresentou um som bem trabalhado e executado. A única ressalva é: não sei exatamente se é necessário um teclado no grupo.
Gaz Coombes: Apesar de não apresentarem uma presença de palco vibrante, o bom rock classudo inglês do grupo provou mais uma vez que a organização fez ótimas escolhas de bandas internacionais para enriquecer a qualidade do festival.
Kyuss Lives!: Infelizmente o cansaço e a perspectiva de muitas horas de estrada do dia seguinte me fizeram manter apenas as lembranças da performance executada no Download Festival 2012, mas acredito que tenha sido um ótimo espetáculo.
Em resumo, PDR com certeza é um dos poucos festivais nacionais que eu pretendo manter na minha lista anual. Muitas outras apresentações ocorreram durante os dois dias para vários públicos diferentes e foram omitidas nesse texto.