Após mais de duas décadas na estrada, a máquina de moer ossos do Drowned se prepara para o lançamento de mais um álbum. O quinteto mineiro entra em estúdio em breve para a gravação do sucessor de Belligerent – Part One: The Killing State of the Art, seu sétimo full-leght na carreira. Estrada, álbuns, público mineiro, Europa foram alguns dos assuntos que o vocalista Fernando Lima respondeu na entrevista ao Mondo Metal que você confere agora!
Mondo Metal: O Drowned está se preparando para gravar um novo álbum, não é isso? Fale para gente um pouco sobre este processo e o que esperar do novo Drowned. Vocês já tem uma previsão de lançamento?
Fernando Lima: Estamos trabalhando sem muita pressão desta vez. Deixamos as composições fluírem bem naturalmente e estamos ensaiando todas. Não estamos fazendo música atrás de música para gravar em seguida. O processo está bem parecido com a nossa forma de trabalho na época do “Bonegrinder”, em que fazíamos música nos ensaios e tocávamos muitas vezes até ficar no ponto. Os fãs podem esperar um álbum com arranjos bem variados e bem atualizado. Contém todas as nossas características porém com a cara atual, do tempo em que estamos vivendo. Será um álbum muito pesado, mais sólido e com melodias mais dramáticas em alguns momentos. Não tenho uma previsão exata de lançamento. Ainda estamos em fase de pré-produção e estudo de ideias para a arte, mas espero que saia no segundo semestre de 2016.
Mondo Metal: Quatro anos de intervalo entre dois álbuns de estúdio é muito?
Fernando Lima: Sim e não! Rs… Como lançamos praticamente 2 álbuns, o Belligerent parte 1 e 2, em um intervalo de tempo muito curto eu acho que foi até um bom tempo para as pessoas digerirem estes dois lançamentos seguidos. Acho que vai valer a pena pois faremos um álbum diferente dos Belligerents. Foi bom este tempo para pensar e “desintoxicar” a mente de ideias que vem se repetindo. Os álbuns anteriores são bons, mas não queremos fazer a mesma coisa. Queremos um novo álbum do Drowned que realmente seja “novo”!
Mondo Metal: Com mais de 20 anos de estrada, vocês já viram muitas mudanças no público mineiro. Minas Gerais ainda sabe apoiar suas bandas locais?
Fernando Lima: Acho que o público não só mineiro mas mundial mudou muito. Focando nos mineiros, acho que público se tornou mais exigente. As dificuldades financeiras estão obrigando as pessoas a serem muito seletivas para irem a shows ou comprarem material como camisetas e CDs. Os outros meios de ouvir música estão crescendo, como o Spotify e Deezer e as bandas brasileiras ainda não estão focando nestas mídias, isto nos inclui também. Não basta juntar com os amigos e fazer um show “zuado” com equipamento ruim e estrutura precária. Ninguém mais pagará para ver este tipo de apresentação aqui em Minas ou em outro lugar qualquer. Ainda assim acho que os fãs de metal de Minas apoiam as bandas locais na medida em que estiverem visíveis para eles. Talvez por culpa das próprias bandas as pessoas não estão encontrando mais as bandas para apoiar nesse mar de música que o metal se tornou. Não adianta querer fazer música para um fã que não existe mais ou que mudou seus hábitos de ouvir música… Os tempos são outros.
Mondo Metal: Já é hora de pensar novamente em uma turnê pela Europa?
Fernando Lima: Sim, claro. Com toda certeza pensamos em uma nova tour Europeia ou Americana para o novo álbum. Estamos nos preparando para fazer uma divulgação bem mais ampla neste novo trabalho. Ainda não temos nada concretizado além dos planos…
Mondo Metal: Como você faz um balanço da trajetória do Drowned até hoje? (dos álbuns, da estrada, do público)
Fernando Lima: Creio que fizemos bons álbuns. Alguns bem marcantes como o “Bonegrinder” e o “By the Grace of Evil”. Sempre procuramos não nos prender a rótulos na hora de criar e deixamos fluir naturalmente a criatividade e nossas influências heavy, thrash, death e progressivo entre outras… No geral são trabalhos bem vaiados e com boa aceitação por parte dos fãs. São álbuns que nos proporcionaram manter uma carreira ativa e reconhecida. Fizemos muitos shows para divulgar esses álbuns. Rodamos o Brasil. No início as coisas não eram fáceis, mas eram muito divertidas. Os shows eram sempre uma caixinha de surpresa… rs… Viajávamos para uma cidade e o show era incrível e no outro dia viajávamos para outro e o público era grande, mas o equipamento de som era horrível… Alguns shows a produção não queria pagar nem uma água para a banda! Mas fizemos tudo com muita determinação e pensávamos: “Estamos no início… Daqui uns anos melhora…” Realmente depois as condições melhoraram, mas a frequência de shows aqui caiu um pouco. Tivemos também a oportunidade de fazer uma tour Europeia, passando por cinco países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Republica Checa e Suíça. Foi uma experiência inesquecível! As coisas na Europa funcionam um pouco melhor em relação a shows… rs… Fizemos muitos amigos na estrada e conhecemos muitos lugares e culturas diferentes. Com relação ao público, como eu disse, vi uma grande transformação ao longo desses anos. Quando começamos a tocar, ninguém queria saber de banda autoral e nós conseguíamos arrastar 900 pessoas para um show onde só nós eramos bandas tocando músicas próprias e as pessoas ficavam para nos ver e muitas vezes saíam depois da nossa apresentação e não ficavam para ver as bandas covers. Na época vendemos mais de 2.000 demos “Where Dark and Light Divide…” Hoje as coisas estão muito diferentes. Apesar de ter uma base de fãs ainda remanescente daquela época muitos novos fãs surgiram. São pessoas diferentes e que não têm preconceito musical. Gostam do Metal ao Rock. Alguns gostam até mesmo de outros estilos de música além de Metal. Muitos não encaram isto com bons olhos, mas para nós, isto não faz diferença. Todos são livres para ouvir o que quiser e não ouvir o que não quiser.
Confira o clipe da faixa Belligerent.