Christiano Gomes e João Renato Faria
* Atendendo a pedidos o Mondo Metal publica agora a íntegra da entrevista exclusiva feita com Max Cavalera. A matéria original, contendo apenas parte desta, já havia sido publicada anteriormente.
Em pleno processo de criação da sua biografia, o furioso Max Cavalera admite: está com saudades de Belo Horizonte, cidade em que nasceu, passou parte da infância e adolescência e onde fundou o Sepultura, com que saiu para conquistar o mundo. Os 18 anos longe da terra natal, onde se apresentou pela última vez com Ramones e Overdose no Parque da Gameleira, em 1994, não foram suficientes para apagar as memórias desta época.
Em entrevista exclusiva ao Mondo Metal e feita por telefone direto de Phoenix, onde vive hoje, Max Cavalera falou sobre bandas, situações e pessoas de BH. E para os fãs que esperam por quase 20 anos o retorno do filho pródigo da cidade, ele avisa: quer voltar para BH em agosto, quando deve acontecer uma turnê do Cavalera Conspiracy que ainda está em negociação.
Mondo Metal: Antes de começar, Max, queríamos saber como está o seu rosto, já que você teve uma paralisia facial. Já está melhor?
Max Cavalera: Está melhor já velho, já melhorou 90%. Estive no médico dois dias atrás e falou que está melhor, mais uma semana e vai estar 100% e a doença vai estar curada. Veio do nada, foi uma surpresa e assustou. Mas resolvi não cancelar os shows e fui e toquei com a cara meio paralisada mesmo.
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Mondo Metal: Isto não prejudicou ao vivo? Como foi tocar com esse problema?
Max Cavalera: Foi meio estranho. O lado direito ficava meio embaçado já que eu jogava água e o olho direito não fechava. Então ficava uma visão meio turva mas não afetou. Também estava ouvindo um lado mais alto que o outro, mas os shows foram legais, toquei e cantei normal e não afetou em nada.
Mondo Metal: Você está preparando a sua biografia, A boy from Brazil. Certamente ela vai trazer lembranças de BH. Como a sua cidade natal será apresentada no livro?
Max Cavalera: Logicamente vou falar de BH no livro. Uma parte inteira vai ser dedicada à cidade, desde o meu nascimento até depois, quando meu pai morreu e a gente voltou para morar em BH, o que acabou resultando no nascimento do Sepultura. Vou contar detalhes de como era a vida naquela época. Quero contar das escolas que eu estudei, como o Tiradentes, falar da praça do Santa Tereza, que sempre tinha alguma balada, do Bar do Bolão, onde a gente sempre estava zoando o barraco. A gente morava do lado do cruzamento onde foi criado o Clube da Esquina e saiu uma matéria no jornal falando que a gente vomitava na esquina. Enfim, vai ter isso tudo, com muita foto, para o pessoal ver que é uma cidade muito bonita e para dar uma explicação legal de onde saiu essa história toda, de onde veio o Max e de onde veio o Sepultura. Por que a verdade é que ser de BH sempre pegou forte na nossa história, fazia o grupo ser diferente. Era meio inesperado, ninguém imaginava uma banda de death metal de BH e pegou todo mundo de surpresa.
Mondo Metal: Seu último show em BH foi em 1994, com o Ramones e o Overdose no Parque da Gameleira. Depois desse show, você chegou a vir para BH?
Max Cavalera: Não, ainda não, infelizmente. Faz bastante tempo que não visito o Santa Tereza, tem muito tempo, tenho a maior saudades.
Mondo Metal: Você ainda tem contato com alguem em BH? Ainda tem algum amigo na cidade?
Max Cavalera: Só tenho contato com a minha tia que mora aí, a tia Vilma. A casa dela continua, era a casa da minha avó e o primeir lugar em que a gente morou logo depois de voltar para Belo Horizonte. Eu, o Igor, a Kira e minha mãe morávamos nos fundos dessa casa que é da minha tia agora. Sempre ligo pra ela para desejar feliz ano novo e ter notícias dos meus primos, e é legal ter contato com eles. De banda, eu só tive com o Jairo [Guedes], em uma turnê na Europa. Ele estava lá também e foi conversar comigo no ônibus foi bem legal. Ele vai estar no livro, faco questao de entrevistar. Queria falar também com a Patti e o João da Cogumelo, que fizeram parte do começo e deram a primeira chance..
Mondo Metal: BH está com uma cena de heavy metal muito efervescente. Você conhece alguma das novas bandas da cidade como Drowned, Hammurabi, Sacrificed, Devildust, Carahter?
Max Cavalera: Não conheço não, mas tenho que ouvir. Me mandem, parece que está com um movimento bom de bandas aí.
Mondo Metal: O que de verdade aconteceu em 1998 quando o o show do Soulfly em BH foi cancelado?
Max Cavalera: Em 1998, eu não sei até hoje. A turnê foi meio que nas coxas e o show em São Paulo foi boicotado. Teve um lance com o fã clube do Sepultura que boicotou e isso acabou prejudicando até quem foi no show. Na sequência, isso acabou afetando o show de BH, que foi cancelado pelos promotores por causa dessa coisa escrota, de falar para não ir. Foi bem sacanagem e me magoa muito por que eu estava ansioso de tocar em BH, fiquei chateado e não teve explicação, foi cancelado e acabou. Ficou aquele sentimento ruim, mas eu pensei que não teria problema pois poderia tocar no futuro, mas estou esperando até hoje.
Mondo Metal: E dessa vez? O q aconteceu para você não vir?
Max Cavalera: Também não sei. A produtora que contratou o show que colocou Goiânia. Não entendi direito, acho que lá tem mais a cara de música caipira, mas foi legal, estava bem cheio. Mas por mim, teria que ter BH. Só que não sou eu que planejo, não sou promotor, e fico na mão de quem contrata e escolhe. Mas tem uma futura turnê em agosto, com o Cavalera Conspiracy, que ainda está em negociação, mas seria em 10 cidades, inclusive BH. Lembro agora de Porto Alegre, Manaus, Recife, Salvador e BH, e vou torcer para ver se rola mesmo.
Mondo Metal: Você pensa em apresentar sua cidade natal para seus filhos e a sua família?
Max Cavalera: Lógico que penso nisso. Se for rolar mesmo essa turnê, tem que ter alguma folga para eu poder passar um dia em BH e mostrar tudo para eles. O Santa Tereza, a praça, pegar um espaguete no Bolão, fazer o giro todo.
Mondo Metal: Você então sente saudades de BH?
Max Cavalera: Bastante. Inclusive, esse livro foi um lance que me fez ter uma volta na memória, de tudo que rolou em BH, e deu bastante saudades sobre tudo. Espero voltar para mostrar para todo mundo onde eu cresci, onde tudo começou, de onde veio o Max e essa história toda. Seria bem legal.
Mondo Metal: Max, mande uma mensagem para os fãs mineiros que aguardam por uma turnê sua passando por Belo Horizonte
Max Cavalera: Galera de BH, de Minas, fãs de metal, do Sepultura, do Soulfly, do Nailbomb, do Cavalera Conspiracy, quero mandar um abraço para todos vocês e avisar que não vejo a hora de tocar aí de novo. Tem muito tempo que a gente não se encontra e se tudo der certo, em agosto vai ser de fuder, vamos detonar tudo e fazer um show inesquecível
Mondo Metal: Antes de finalizar, vamos falar algums nomes de pessoas e lugares de BH e queríamos que você definisse em poucas palavras.
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- Belo Horizonte: terra natal
- Santa Tereza: bairro natal
- Bar do Bolão: espaguete
- Ginástico: confusão
- DCE da federal: mais confusão
- Barroliche: o começo
- Cogumelo: gravadora de hippie que investiu no metal
- JG Studios: estúdio bem legal, a primeira experiência
- Jairo Guedz: irmão pra sempre
- Vladimir Korg: irmão do metal
- Bozó: é um cara que eu tenho que agradecer pra sempre pelo S tribal do Sepultura, que no mundo inteiro tá tatuado, agradeço ele por isso
- Wagner Antichrist: nem sei o que falar
- Paulo Jr.: amigo velho
- Andreas Kisser: ótimo guitarrista
- João e Patti, da Cogumelo: são os os primeiros que viram potencial, que acreditaram na gente
- Marcelo Rapadura: pô, é amigo, mas pisou na bola
- Silvio Bibica: sei de nada
- Sarcófago: imitação do Sepultura
- Chakal: banda legal, fudida
- Overdose: Iron Maiden brasileiro
- Mutilator: primo do Sepultura
- Witchhammer: outra banda legal
- Sagrado Inferno: essa vocês tiraram das antigas, caralho… raízes
- Guerrilha: era do caralho, o S.O.D. brasileiro